quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

COMEÇO DE PROSA

O meu avô materno, foi um grande contador de estórias e de "causos". De prosa fácil e farta, sempre chamava a atenção das pessoas presentes às suas narrativas, quando elas tentavam fazer barulho e atrapalhar a concentração dos atentos dizendo: "Só aprende a contar estórias, àqueles que aprendem primeiro ouvir estória". Esta frase tem me acompanhado até os dias de hoje, e, sempre me foi de grande utilidade, desde quando descobri que a minha vida ganhou um sentido todo especial, quando, ainda adolescente entrei timidamente, pela primeira vez, numa redação de jornal.
Alí, por detraz das velhas máquinas de escrever, que se destacavam sobre os birôs polidos pelo verniz do tempo, haviam pessoas, que nem sequer notaram a minha presença ou fingiam que não notavam. Também pudera, eu não tinha nenhuma significância para despertar a atenção de alguém, muito menos, daqueles que estavam alí concentrados e determinados em não perder o rumo das suas histórias.
Sentí naquele momento, que não teria nenhuma dificuldade de adaptação àquele ambiente, parecia até, que eu já o conhecia, talvez não com aquele formato, mas no formato dos sonhos de um menino que acreditava que um dia seria um contador de estórias. Não como o meu avô Ângelo Feitosa e sim, um contador de estórias que falasse da realidade das pessoas, das estórias do nosso tempo e do tempo que estava por vir. Como faziam aquelas pessoas por traz das máquinas de escrever. Só que eu queria contar as estórias do meu jeito, através das imagens que logo cedo aprendi a guardar dentro da minha Rolleyflex.
Assim, como coletor de imagens e arquivista de sonhos, botei o pé na estrada e comecei a contar do meu jeito as histórias da nossa gente e da nossa terra, com o privilégio de ter como companheiros de trabalho e de profissão, todos aqueles contadores de histórias que pela primeira vez na redação do saudoso Jornal de Alagoas.
Agora, estou eu aqui, embarcando na aventura de contar algumas das histórias e estórias vividas e ouvidas, durante esta minha trajetória de retratista insistente, metido a fazedor de rimas.
Ah! esta estória do fazedor de rimas eu vou contar mais adiante.

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